Ter uma boa ideia não é suficiente para garantir o sucesso. Até gigantes como Apple e Microsoft falharam diversas vezes antes de emplacar produtos icônicos como o iPhone e Windows.

Muitas empresas cometem o erro crucial de confundir uma boa ideia com um bom produto pronto para o mercado. Existem diversos outros fatores além da ideia que precisam ser considerados, como:

  • Entender profundamente as dores e necessidades do público-alvo
  • Validar o interesse real do mercado na solução proposta
  • Definir uma proposta de valor clara e diferenciada
  • Projetar a experiência do cliente em todos os detalhes
  • Verificar a viabilidade técnica e econômica

Sem considerar esses e outros pontos importantes, uma ideia promissora pode se transformar em um fracasso retumbante.

O Caso do Kinect da Microsoft

Um exemplo disso foi o console Kinect, lançado pela Microsoft em 2010. Ele trazia uma proposta ousada e inovadora para a época: permitir que os jogadores controlassem os games com gestos e comandos de voz, sem necessidade de controles tradicionais.

O Kinect foi um sucesso inicial de vendas, chegando a ser o dispositivo mais rápido da história a atingir a marca de 10 milhões de unidades vendidas. No entanto, com o passar do tempo ficaram evidentes diversos problemas, como:

  • Reconhecimento de movimentos impreciso
  • Necessidade de um espaço muito grande para funcionar bem
  • Experiência de jogo limitada comparado a controles tradicionais
  • Poucos jogos exclusivos que realmente tirassem proveito de suas capacidades

Assim, o Kinect acabou não emplacando como uma nova maneira revolucionária de se jogar videogames, assim como a Microsoft ambicionava. A lição que fica desse caso é que não basta ter uma ideia inovadora, é preciso executá-la de forma excelente.

Principais Falhas no Desenvolvimento de Produtos

Existem diversas armadilhas que uma empresa pode cair ao desenvolver um novo produto. Entre as mais comuns, podemos citar:

Não focar no consumidor: muitas empresas acabam focando demais em métricas internas como custo e lucratividade esperada, sem entender a fundo seus clientes e suas reais necessidades. O resultado costuma ser um produto que, apesar de rentável para a empresa, simplesmente não resolve dores relevantes do público-alvo.

Copiar a concorrência: às vezes, na ânsia de entrar rapidamente em um mercado promissor, algumas empresas acabam copiando ideias da concorrência ao invés de propor uma solução original e bem executada. Sem um diferencial claro, dificilmente esse produto obterá tração.

Análise de mercado falha: um dos maiores riscos é partir de premissas erradas sobre o mercado e público-alvo durante o desenvolvimento. Isso pode fazer com que meses de esforços em um produto sejam em vão, caso ele não atenda às reais necessidades quando for lançado.

Marketing ineficaz: um ótimo produto com uma estratégia de marketing pouco eficiente também tem grandes chances de passar despercebido e virar mais um dos 30 mil fracassos anuais. É preciso entender bem o cliente para direcionar a comunicação certa, no momento e canais ideais.

Extensão de marca errada: marcas consolidadas em certos setores muitas vezes tentam alavancar seu nome lançando produtos radicalmente diferentes do seu core business. Porém a aceitação nem sempre é positiva – um caso clássico é o da Kodak tentando lançar lasanha congelada na década de 80.

Falhas na execução: como vimos no caso do Kinect, até mesmo com uma ótima ideia e estratégia, falhas na execução podem comprometer o sucesso de um produto. São muitos detalhes técnicos e experiência do cliente que precisam ser extremamente bem cuidados.

Estrutura Básica para o Desenvolvimento de Produtos

Para evitar problemas, a recomendação é seguir um processo estruturado para desenvolver produtos, dividido nas seguintes etapas:

1. Geração de ideias

Primeiro, parte-se de uma fase extensiva de geração de ideias e insights sobre possíveis produtos e soluções a se desenvolver. É um momento mais livre, que demanda criatividade e técnicas como design thinking.

2. Triagem de ideias

Depois, faz-se uma triagem, refinando e selecionando as ideias mais aderentes ao propósito do negócio e com maior potencial mercado. Testes rápidos com clientes podem ajudar nesta fase.

3. Prototipação e testes

As ideias mais promissoras seguem então para protótipos iniciais e testes quantitativos e qualitativos. O objetivo é validar se a solução proposta realmente resolve uma dor relevante para o público-alvo.

4. Análise de mercado

Feita a validação do conceito básico, parte-se para uma análise aprofundada do mercado, concorrência, público-alvo e modelo de negócios, para verificar a real viabilidade mercadológica.

5. Desenvolvimento

Com o “go” da viabilidade, inicia-se o desenvolvimento em si, com design, experiência de usuário, tecnologias, estratégias de fabricação e distribuição, entre outros.

6. Validação de mercado

Antes do lançamento, é essencial uma nova rodada de testes e validação com o produto quase pronto, para garantir que ele realmente esteja alinhado às expectativas.

7. Lançamento

Por último, o produto é de fato lançado, com todas as estratégias de marketing, vendas, atendimento e relacionamento já mapeadas.

Metodologias Ágeis e Produtos Incrementais

Em um mercado de rápidas mudanças, não basta desenvolver um produto excelente uma única vez. É preciso lançar melhorias e novidades constantes, acompanhando as evoluções tecnológicas e as mudanças nas necessidades dos clientes.

Por isso, além do processo estruturado de desenvolvimento, é essencial que as empresas adotem metodologias ágeis. Diferente do modelo tradicional, em cascata, o ágil propõe:

  • Foco no MVP (Minimum Viable Product)
  • Lançamentos constantes de melhorias incrementais
  • Equipes multifuncionais e autônomas
  • Decisões descentralizadas e colaborativas
  • Adaptação e mudanças durante o projeto

Essas características permitem que produtos digitais, por exemplo, possam ser constantemente atualizados de acordo com as necessidades do mercado e feedbacks dos usuários.

Assim, aumentam-se as chances de sucesso a longo prazo, uma vez que o produto rapidamente incorpora melhorias validadas junto ao público-alvo, ao invés de estagnar durante meses ou anos enquanto um grande projeto tradicional é finalizado.

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Conclusão

O desenvolvimento de produtos é uma tarefa complexa, com diversas variáveis e riscos. Mas seguindo um processo estruturado, com foco no consumidor e em validações constantes, é possível minimizar problemas e aumentar exponencialmente as chances de sucesso.

Além disso, em um mundo de mudanças rápidas, as metodologias ágeis são essenciais para que os produtos continuem evoluindo de acordo com as necessidades do mercado mesmo após o lançamento.

Portanto, evite os erros comuns, siga as melhores práticas apresentadas aqui e boa sorte no lançamento de produtos de sucesso que encantem seus clientes!