O mapeamento de processos é uma ferramenta muito importante para entender os fluxos de trabalho de uma organização. Através do mapeamento, é possível visualizar todas as etapas de um processo, identificar pontos de melhoria e eliminar desperdícios.

Uma das ferramentas mais utilizadas para mapear processos é o Value Stream Mapping (VSM), ou Mapeamento do Fluxo de Valor. O VSM permite ter uma visão completa da cadeia de valor de um processo, desde matérias-primas até o produto final entregue ao cliente.

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O que é Value Stream Mapping (VSM)

O Value Stream Mapping (Mapeamento do Fluxo de Valor), também conhecido pela sigla VSM, é uma ferramenta visual desenvolvida no Sistema Toyota de Produção para apoiar na melhoria de processos.

O VSM permite mapear e analisar todas as etapas de um processo produtivo, desde matérias-primas recebidas dos fornecedores até o produto final entregue ao cliente.

O objetivo do VSM é identificar todas as atividades que agregam valor e as que não agregam valor ao longo do fluxo de valor. Dessa forma, é possível eliminar desperdícios e otimizar o processo.

Alguns benefícios do Value Stream Mapping:

  • Visualizar o fluxo de materiais e informações;
  • Identificar gargalos e oportunidades de melhoria;
  • Entender onde há desperdício no processo;
  • Fundamentar a tomada de decisão com base em dados;
  • Auxiliar na priorização de projetos de melhoria;
  • Apoiar a implementação da mentalidade Lean.

Conceitos importantes sobre VSM

Antes de começarmos a montar o mapa do fluxo de valor, é importante entender alguns conceitos fundamentais:

Fluxo de valor: são todas as ações necessárias para transformar matérias-primas em um produto final, desde o pedido do cliente até a entrega. Ou seja, vai da matéria-prima até as mãos do cliente.

Fluxo de materiais: é o fluxo físico de materiais ao longo do processo, da matéria-prima virando produto final.

Fluxo de informação: é o fluxo de todas as informações necessárias para dar andamento à produção, como planejamento, programação e controle.

Lead time: é o tempo total que leva desde o início do processo (matéria-prima) até a entrega do produto final para o cliente.

Tempo de ciclo: é o tempo necessário para realizar uma determinada atividade ou processo, sem contar tempos de fila ou espera.

Estoque: refere-se a qualquer acúmulo de materiais entre etapas do processo. Estoques escondem problemas de fluxo e devem ser minimizados.

Gargalos: são pontos de estrangulamento, onde ocorrem limitações no fluxo produtivo. Gargalos precisam ser gerenciados e melhorados.

Com esses conceitos em mente, podemos começar a elaborar nosso mapa do fluxo de valor.

Etapas para construir um VSM

O Value Stream Mapping é construído em 5 etapas:

1. Escolher a família de produtos

Comece definindo uma família de produtos com características de produção similares para mapear. Por exemplo: todos os modelos de uma linha de automóveis.

2. Desenhar o estado atual

Mapeie o processo do jeito que ele acontece hoje, incluindo fluxo de materiais e informações.

3. Analisar o estado atual

Calcule métricas como tempo de ciclo, lead time, estoques e identifique desperdícios.

4. Desenhar o estado futuro

Elimine desperdícios e proponha melhorias para desenhar um processo otimizado.

5. Elaborar plano de ação

Defina ações necessárias para alcançar o estado futuro desenhado antes.

Agora vamos aprender na prática como construir um VSM.

Construindo um mapa do fluxo de valor no YED

Para construir o mapa, vamos utilizar o software YED – Graph Editor. O YED permite modelar diversos tipos de diagramas, incluindo o VSM.

Primeiro, importe o modelo de Value Stream Mapping. Para isso, vá em File > Import From > Import From Shared Repository. Procure por “Value Stream Mapping” e importe o modelo.

Com o modelo pronto, vamos começar a montar nosso VSM:

  1. Insira o ícone de fornecedor: esse ícone representa de onde vem a matéria-prima.
  2. Adicione o fluxo de materiais: com setas, mostre o caminho percorrido pela matéria-prima através das etapas de produção.
  3. Insira ícones de processo: para cada etapa produtiva, adicione o ícone de processo e nomeie (Ex: Usinagem, Montagem).
  4. Insira estoques: com o símbolo de estoque, represente todo acúmulo de materiais entre processos.
  5. Insira o ícone de cliente: o último ícone, representando para onde vai o produto final.

Exemplo: Fornecedor > Transporte > Fundição > Estoque > Usinagem > Estoque > Montagem > Cliente

Agora vamos enriquecer nosso VSM adicionando mais informações ao mapa:

  1. Adicione tempo de ciclo: em cada etapa, informe o tempo que leva para processar uma unidade de produto.
  2. Adicione número de operadores: informe em cada etapa a quantidade de funcionários.
  3. Insira estoque disponível: em cada estoque, informe a quantidade disponível em dias ou unidades.
  4. Adicione lead time: ao final, some os tempos de ciclo para calcular o lead time total.
  5. Insira fluxo de informação: com setas tracejadas, desenhe o caminho percorrido pelas informações no processo.

Pronto! Construímos o mapa do estado atual, mostrando como o processo acontece hoje. Agora podemos analisar e identificar oportunidades de melhorias.

Identificando desperdícios no VSM

Com o Value Stream Mapping pronto, podemos visualizar todo o fluxo e identificar atividades que não agregam valor, também chamadas de desperdícios ou mudas.

Segundo a mentalidade Lean, existem 8 tipos de desperdícios comuns:

  • Transporte: movimentação desnecessária de materiais;
  • Estoque: matérias-primas, WIP ou produtos finais em excesso;
  • Movimento: movimentação desnecessária de pessoas;
  • Espera: longos períodos de inatividade de materiais ou pessoas;
  • Superprodução: produzir além da demanda;
  • Sobreprocessamento: atividades desnecessárias que não agregam valor;
  • Defeitos: retrabalhos gerados por erros ou produtos fora da qualidade;
  • Habilidades: não aproveitar todo o potencial das pessoas.

De posse do VSM, podemos analisar cada etapa e identificar a presença de desperdícios.

Exemplos:

  • Alto nível de estoque entre processos;
  • Filas e longo tempo de espera para a próxima etapa;
  • Retrabalhos gerados por defeitos;
  • Atividades que não agregam valor para o cliente.

Os desperdícios destacados no mapa do estado atual servem como foco para as melhorias a serem feitas.

Desenhando o estado futuro

Com o mapa do estado atual finalizado e os desperdícios identificados, podemos partir para a elaboração de um VSM futuro, representando o processo otimizado.

Nessa etapa, aplicamos os conceitos de Lean Manufacturing para eliminar desperdícios e melhorar o fluxo de valor.

Alguns exemplos de melhorias:

  • Implantar sistema puxado para evitar superprodução;
  • Criar fluxo contínuo entre processos para reduzir estoques;
  • Balancear operações para eliminar gargalos;
  • Padronizar atividades para evitar retrabalho;
  • Automatizar tarefas manuais para aumentar velocidade;
  • Realocar pessoal entre estações para aumentar flexibilidade.

Ao implementar essas ações, desenhamos um estado futuro sem os desperdícios identificados anteriormente, resultando em um processo muito mais enxuto e eficiente.

Conclusão

O Value Stream Mapping é uma poderosa ferramenta visual para mapear qualquer processo produtivo, identificar desperdícios e guiar melhorias de forma focada.

Construir o mapa do estado atual e futuro permite enxergar o processo como um todo e entender exatamente os problemas e soluções.

Além disso, o VSM é uma excelente forma de engajar as equipes em projetos Lean, mostrando visualmente os benefícios das mudanças.

Portanto, dominar o Value Stream Mapping é fundamental para aumentar a produtividade, eliminar o desperdício, reduzir lead times e oferecer valor ao cliente.

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