Baixa Competitividade

 Você já parou para refletir como a baixa competitividade influencia o mercado e a economia e como isso pode acarretar alguns problemas para uma organização? Listaremos quais são esses problemas, como identificá-los, entendê-los e quais os caminhos para resolvê-los.

Mas, para começar… o que é competitividade?

Competitividade é a capacidade de uma organização em cumprir a sua missão e satisfazer expectativas e necessidades dos clientes ou cidadãos aos quais serve com mais êxito e/ou com mais rentabilidade que outras organizações competidoras no mercado. Em “Managing Change for Competitive Success” (1991), Pettigrew e Whipp defendem que o desempenho competitivo não depende apenas de características da firma ou da tecnologia, mas, de uma coleção de habilidades e modelos de ação combinados. Assim, para se analisar a competitividade é preciso ter em mente a influência dos padrões mercadológicos e de características socioculturais presentes nas organizações e no ambiente em que atuam.

Existir baixa competitividade em uma empresa, portanto, significa que seus concorrentes não estão sendo superados e que os demais players do mercado estão apresentando maior diferencial competitivo, comparativamente.

O que isso pode significar?

É imprescindível ter a consciência sobre as fraquezas e forças da empresa para não se perder de vista as oportunidades de crescimento. É no cerne da empresa que as mudanças se iniciam e o desenvolvimento acontece. Grande parte das empresas brasileiras buscam no ambiente externo as respostas para enfrentar a crise e decaem por descuidar das demandas internas. E, assim, contribuem para um possível fracasso.

Para que a empresa que busca ser de fato mais competitiva deve-se buscar ser a mais eficiente, eficaz e produtiva para que ofereça um valor perceptível para seu público-alvo.

Mas… como ter alta competitividade então? Quais são os problemas que posso ter decorrentes da baixa competitividade?

O melhor antídoto para evitar esses problemas sempre será a busca de informação e conhecimento, além de desmistificar conceitos. Deve-se ter claro que competitividade não é algo ruim e sim necessário para a manutenção do desenvolvimento de uma organização, para a aplicação de investimentos em tecnologias e para a diversidade mercadológica. A questão da competitividade é tratada em três diferentes níveis: dos fatores sistêmicos, dos fatores setoriais e dos fatores internos à empresa. Procuramos oferecer um quadro geral sobre essa questão no contexto brasileiro.

Sendo assim, identificamos alguns problemas gerados pela baixa competitividade:
1- Queda na qualidade do produto e no atendimento ao cliente

Diante da falta de concorrência, o empresário pode se acomodar demais e passar a não entregar a qualidade e o atendimento que o cliente precisa e espera. A ausência de um mercado competitivo e estimulante produz uma zona de conforto difícil de ser quebrada, com baixo desenvolvimento de inovações. Essa situação pode acarretar uma falta de interesse do cliente pelo produto e/ou serviço e a empresa pode passar por uma fase de decadência.

Como encarar:

Quanto maior a competitividade, melhor pode ser o seu desenvolvimento e poderá garantir lucro a longo prazo e obter retornos significativos aos investidores.

Desta forma, deve-se ter em mente que a competitividade é necessária e é preciso que haja iniciativas internas para que a empresa sempre se mantenha em movimento e também iniciativas externas, como as iniciativas do governo, para que as empresas possam ter um desenvolvimento crescente em seus produtos e serviços, e, assim, aprimorar o grau de competitividade. A empresa deve sempre ter em mente sua essência e seu propósito para que nunca perca a qualidade de seus resultados.

2- Baixa variabilidade de produto ou serviço

Em um ambiente não muito competitivo não há muitos estímulos para diferenciar o produto e/ou serviço diante concorrência. Assim, há pouca variabilidade de produtos, não se mostram criativos e “apelativos”, o que produz menor impacto no interesse do cliente e apresenta perigo de cair no esquecimento dos compradores. A variabilidade está diretamente ligada com a diferenciação e a organização que não foca, pelo menos na variabilidade de seus serviços, como divulgação e relacionamento com o cliente, perde destaque e a chance de ser uma empresa diferenciada. 

Como encarar:

O seu produto/serviço precisa ser único, o que movimenta a concorrência de mercado, estimula o interesse e agrega valor de compra para o produto em questão. O cliente deve ser conquistado e convencido de que a aquisição pelo produto/serviço é a melhor escolha a se fazer.

3- Pouca inovação e defasagem tecnológica

Infelizmente, as ações de inovação no Brasil não andam muito frequentes, seja no âmbito tecnológico, em campanha de marketing, capacitações ou qualquer outro que requer maior investimento. Isso representa uma perigosa estagnação. Muitas vezes, a empresa não percebe o valor que uma atitude inovadora tem, mesmo que pequena, e isso acaba sendo uma desvantagem frente à crise. A visão de economistas heterodoxos, como Schumpeter e Sylos-Labini nos ensina que: “A concorrência através da inovação e das economias de especialização não só é cada vez mais prevalecente nos mercados mundiais, como é a que oferece as melhores oportunidades para países como o Brasil.” O que valida é também o inverso; a falta de inovação nas ferramentas e métodos contribui para a baixa competitividade e para a escassez de oportunidades.

 Como encarar:

Não precisa, necessariamente, ser através de um novo produto ou serviço, mas, já são consideradas atitudes diferenciadas e inovadoras que podem utilizar tecnologias do momento: uma ferramenta de se relacionar com o cliente, uma campanha de divulgação impactante e única, um modo diferente de capacitar as equipes de sua organização. Ficar atento às novas tecnologias e novos produtos e vertentes do gênero é essencial para uma organização que busca ser competitiva.

4- Distanciamento empresa-cliente

O economista Michael Porter, professor de Harvard e estudioso sobre estratégias competitivas, nos ensina em seu livro Competitive Advantage: Creating and Sustaining Superior Performance (1985) sobre o conceito de “cadeia de valor” da empresa. As operações de qualquer empresa podem ser divididas numa série de atividades que, ao serem desempenhadas, as empresas criam valor para seus clientes. Uma empresa com baixa vantagem competitiva sobre seus rivais perde destaque aos olhos do cliente e posicionamento no mercado. Isso acontece quando a organização não oferece um preço atrativo desempenhando suas atividades e/ou o faz de forma ineficiente em comparação aos seus concorrentes. Dessa forma, a organização sofre uma ameaça de entrada de novos concorrentes no ramo e de ser substituída.

 Como encarar:

O conhecimento adquirido pelo uso da “cadeia de valores” é útil à empresa para compreender como os concorrentes diferem entre si e onde a empresa pode reduzir custos ou criar valor adicional para obter vantagem competitiva, e, assim, conquistar seu público-alvo. Seu foco deve ser se tornar especial e diferenciada no âmbito do seu ramo econômico, fidelizando o cliente. Assim, o comprador pode preferir esse produto aos concorrentes e pode até estar disposto a pagar mais por ele. Para se mostrar competitiva, a organização deve gerar um senso de identificação no cliente para que consiga estar nas empresas “top of mind” do ramo na mente do comprador.

5- Influência negativa na economia

 Segundo vários estudos econômicos, uma economia mais competitiva é capaz de crescer mais rapidamente, a médio e longo prazo, ao se comparar com uma economia não muito competitiva. Logo, a baixa competitividade contribui para uma economia mais lenta em dimensões regionais e também nacionais. Uma organização que perde competitividade passa a compor segmentos econômicos menos dinâmicos e atuantes da economia. Deve-se ter em mente que competitividade está ligada diretamente à produtividade de uma organização, o que está diretamente ligado ao desenvolvimento econômico da mesma e também da região e nação.

Como encarar:

A interação entre os agentes econômicos deve ser bem vista de forma a fazer uma manutenção da competitividade, já que as interações são muito benéficas para os envolvidos, em que a cooperação assume uma importância tão grande quanto a competição. Assim, iniciativas como joint-ventures e cooperação entre fornecedores, fabricantes, distribuidores, consumidores são extremamente importantes para o sucesso das empresas e das nações na busca do crescimento econômico.

O que podemos concluir, então?
Baixa Competitividade

Em suma, é notável que se uma organização que visa atuar em mercados regionais, nacionais e até internacionais, mas não compreende suas capacidades ou incapacidades de criar e manter vantagem competitiva no seu ramo, corre grande risco de não ter sucesso e está sujeita a sofrer as consequências descritas.

A competitividade é aumentada se a organização aceita e aprimora a concorrência local, em vez de evitá-la. Se o mercado competitivo é desejável, do ponto de vista econômico, não resta à empresa senão aceitar as regras do jogo e procurar atuar da maneira mais hábil possível.