Será que fazemos nossas escolhas usando apenas nossa consciência ou será que o nosso subconsciente nos influencia? O que passa na cabeça de quem está nos avaliando?



A ciência diz que sim, nosso subconsciente influencia ativamente em nossos julgamentos fazendo uma análise sofisticada que dura, normalmente, um décimo de segundo. Agora, o que passa na cabeça dos recrutadores… é o que vamos decifrar por aqui.



A ciência ainda não é capaz de compreender completamente a ação do subconsciente, mas vários estudos feitos pela Universidade de Carnegie Melon nos Estados Unidos concluíram que as pessoas fazem naturalmente um julgamento quase instantâneo quando veem uma pessoa pela primeira vez. Esse julgamento automático conclui sobre questões como a credibilidade e inteligência do outro, assim como o status ou se a pessoa é rica.
Sendo assim, você pode até ter aprendido a “nunca julgar um livro pela capa”, mas seu subconsciente fará isso por você, assim como o subconsciente de quem te avalia para uma vaga de emprego também o fará. A primeira vista, a forma de como você se apresenta e como se parece determina uma série de “pré conceitos” que aparecem na cabeça do seu recrutador e influenciam suas escolhas do início ao fim.
Nós, seres humanos, tendemos a conviver e a simpatizar mais com pessoas que se parecem conosco. Os recrutadores de um processo seletivo são teoricamente proibidos de fazer qualquer pré-julgamento de um candidato antes de o analisar completamente, porém, como apontamos aqui, isso vai além de ser algo passível de ser proibido. E, como consequência, o preconceito subconsciente dos recrutadores pode afastar ótimos profissionais de um cargo disputado por causa dessa primeira impressão inconsciente.
O autor e jornalista Malcolm Gladwell fala em seu livro “Blink”, como as pessoas, especialmente os recrutadores fazem julgamentos em um piscar de olhos. Quando se dá um aperto de mãos ao se conhecer alguém, você faz um breve julgamento sobre aquela pessoa. Um aperto de mãos fraco pode indicar falta de motivação, timidez, enquanto um aperto de mãos forte pode indicar que você é confiante e competente. Por exemplo, diante de uma resposta sobre uma habilidade que você não tem. Os recrutadores vão encarar a resposta negativa de forma mais pessimista se não tiver gostado de você à primeira vista.



Caso tenha gostado, terá uma reação mais otimista e então seu subconsciente dirá:
“Opa, apesar do candidato não ter essa habilidade, parece que ele tem potencial”.
Felizmente, há aspectos que podem ser condicionados para darem uma “boa” primeira impressão, sem sacrificar sua espontaneidade. Há aqueles que não podem ser mudados: nossa cor, nosso tom de voz, e características inerentes à nossa pessoa. E, por sinal, não deveriam mesmo ser mudados porque são esses aspectos que nos tornam indivíduos únicos e especiais.
Os atributos que podem ser condicionados para gerarem um bom impacto são atitudes que causam reações inconscientes instantâneas aos entrevistadores, como por exemplo:
- Atitude: entusiasmo e simpatia
- Reação do entrevistador: “candidato engajado, sociável e confiante”
- Atitude: contato visual equilibrado e linguagem corporal espontânea
- Reação do entrevistador: “candidato receptivo, possivelmente confiável e inteligente”
- Atitude: Sentar-se de costas eretas ou ligeiramente inclinadas na direção do entrevistador
- Reação do entrevistador: “candidato seguro, aberto e tem interesse no assunto”
Evite:
- Atitude: Cruzar os braços ou estar de cara fechada
- Reação do entrevistador: “candidato impaciente e na defensiva”
- Atitude: hábitos que denotam nervosismo (roer unha, mexer no celular, ou mexer continuadamente em alguma coisa)
- Reação do entrevistador: “candidato inseguro e ansioso”.
FONTE: "12 truques de linguagem corporal para entrevistas de emprego" (2015) por Claudia Gasparini - Revista online exame.com
Mas… e o que não se pode mudar?
Como foi falado antes, existem os atributos, características e atitudes que infelizmente podem influenciar negativamente numa primeira impressão sobre candidato e que não podem ser mudados. Entre eles estão o peso do candidato, o gênero, a etnia, a cultura, o enquadramento ou não nos padrões de beleza, se o candidato trabalha ou não…
Uma equipe de pesquisadores da Escola de Negócios Anderson nos Estados Unidos, da Universidade da Califórnia (UCLA), e da Universidade do Estado de Nova York em Stony Brook concluiu através de vários estudos que recrutadores possuem uma predisposição a considerar candidatos empregados melhores do que os desocupados ou desempregados, mesmo que as habilidades fossem exatamente as mesmas.
Com esses estudos, foi evidenciado que as pessoas costumam fazer associações negativas com aqueles que estão desempregados, o que leva a uma discriminação injusta e descabida do candidato.
Infelizmente, não podemos mudar essas realidades. Elas refletem a existência de alguns padrões construídos pela sociedade (como em relação ao enquadramento em padrões de beleza) e eles não são descontruídos de uma hora para outra.
O foco do candidato deve estar nas questões que ele é capaz de modificar:
O primeiro julgamento que o entrevistador fez de você é baseado no seu currículo. Faça um currículo claro e organizado, apenas uma página. *(Quer uma ajuda? A gente separou alguns modelos ótimos de currículo pra se inspirar. E também falamos mais detalhadamente sobre isso aqui, aproveita e dá uma olhadinha)*
Seja e se mostre positivo. A positividade altera sua mentalidade e suplanta as ações e pensamentos negativos do inconsciente. Isso reflete em seu estado de espírito e em sua autoconfiança.
Busque ser sempre sua melhor versão. Valorize sua formação e experiências e mostre isso ao recrutador. Acredite e mostre que você é muito mais do que qualquer impressão inicial.
Aparência impecável. Barba feita, roupas bem passadas e neutras, cabelos penteados, boa higiene, maquiagem sutil e perfumes moderados.
Sorria! Isso pode contar muito no processo seletivo.
Vá descansado e com energia para o processo, além de melhorar sua aparência, você terá maior performance.
E por último e mais importante: Autoconfiança. Você precisa acreditar que é capaz.



Em resumo, ao perceber o impacto que pequenos detalhes têm ao conhecermos uma pessoa nova, podemos nos atentar mais sobre algumas questões que estão ao nosso alcance de serem melhoradas. Em poucas palavras, confie no seu potencial e garanta-se no que você pode se garantir. Seja você mesmo e acredite que a melhor oportunidade pra você está por vir.
Boa sorte e até mais!
Autora: Priscila D’Avillar